disciplinas

Judo

O Judo na União Portuguesa de Budo tem origem directa na obra do seu fundador, Mestre António Hilmar Schalck Corrêa Pereira, primeiro português registado como 1.º Dan no Kodokan. Formado inicialmente em Berlim nos anos 30, regressou a Portugal com o propósito de aprofundar o estudo técnico e espiritual do Judo enquanto ramo do Budo, estabelecendo aquilo que mais tarde seria a Academia de Budo, núcleo fundador das artes marciais japonesas no país. Ao longo deste percurso, a chegada de mestres japoneses — em particular Masami Shirooka, enviado oficial do Ministério da Educação do Japão — reforçou a orientação técnica e marcial da escola, conferindo-lhe autenticidade e rigor.

Desde os primeiros anos, o Judo da UBU desenvolveu-se como Budo-Judo, expressão utilizada por Minoru Mochizuki e outros mestres japoneses para sublinhar a diferença entre a via marcial e as interpretações modernas orientadas para resultados atléticos. Na Academia, a prática foi estruturada de forma a cultivar não só o domínio da técnica — nage-waza, katame-waza, kuzushi, tai-sabaki — mas também a disciplina interior, a flexibilidade mental e o sentido ético que Jigoro Kano considerava inseparáveis da arte. O estudo dos kata tradicionais e da atitude correcta em keiko preservou o espírito original do Judo como via de aperfeiçoamento integral.

Hoje, na UBU, o Judo permanece ancorado nos princípios do fundador: precisão, sobriedade e fidelidade ao legado clássico. Treina-se com atenção à forma, ao equilíbrio dinâmico e à utilização inteligente da energia, nunca como demonstração de força, mas como exercício de clareza e presença. Ao praticar, o judoka integra o ensinamento essencial de Kano — seiryoku zen’yō e jita kyōei — entendidos não como slogans, mas como orientações profundas para a vida e para a prática séria do Budo.

karate-do

O Karatedō surgiu na UBU na década de 1960, introduzido pelo Dr. João Luís Franco Pires Martins, que, após contacto com mestres de Shotokan e Shito-ryū em França, estabeleceu a primeira classe formal da arte na Academia de Budo. Pouco depois, a presença marcante do mestre japonês Kiyoshi Mizuno, que demonstrou Karatedō no dojo da Rua de S. Paulo em 1959, marcou a primeira apresentação histórica da arte em Portugal. Na viragem dos anos 60 para os 70, a orientação técnica da UBU aprofunda-se com a chegada de Tetsuji Murakami, discípulo do mestre Egami e figura central do universo Shotokai, cuja visão mais depurada e introspectiva do Karatedō viria a influenciar decisivamente a prática na UBU.

A abordagem da UBU ao Karatedō privilegia a essência do : o caminho interior revelado através da postura, da respiração e da precisão do movimento. O estudo dos kihon estabelece a base sólida da técnica, enquanto os kata são praticados como síntese dos princípios marciais, preservando a transmissão tradicional. A naturalidade do gesto, a ausência de ornamentação e o cultivo do kime interior constituem o núcleo da prática, onde a intenção se sobrepõe a qualquer forma de exterioridade. Tal como transmitido por Murakami e pelos mestres clássicos, cada movimento deve nascer do centro, ligado à respiração e ao espírito atento.

Esta fidelidade ao sentido profundo do Karatedō manifesta-se também na filosofia do treino: silêncio, respeito, concentração e procura de clareza. O praticante aprende a unificar corpo e mente, a dominar a energia antes de a expressar e a compreender que a força verdadeira não se afirma, revela-se através da simplicidade. Assim, o Karatedō da UBU mantém vivo o legado dos mestres que ajudaram a moldar o seu percurso, ligando as gerações atuais às raízes autênticas da arte.

aikido

O Aikidō foi introduzido na UBU em 1965, por iniciativa do Dr. Pires Martins, que convidou Daniel Laurent — então praticante de Karate e graduado em Aikidō — a iniciar a primeira classe. Rapidamente se estabeleceram contactos com o seu mestre, Georges Stobbaerts, que assumiu a direcção técnica e consolidou a arte dentro da Academia de Budo. A evolução da disciplina ganhou novo impulso com a presença de Misao Honda, aluno directo de Hirokazu Kobayashi, cuja vinda a Portugal e cujo contacto com a UBU permitiram a realização, em 1971, do primeiro estágio dirigido por Kobayashi. A partir daí, a orientação técnica da UBU foi profundamente marcada pela linha de Stobbaerts e Kobayashi.

A prática do Aikidō na UBU integra princípios transmitidos por O-Sensei Morihei Ueshiba e aprofundados por Kobayashi: centralidade, respiração (kokyū), relação correcta da distância (maai), movimento circular e não-oposição. O treino enfatiza tai-sabaki, irimi, tenkan e a capacidade de acolher e redireccionar a energia do ataque sem rigidez. Esta abordagem combina precisão técnica com exigência interior, procurando unir o domínio corporal à serenidade do espírito. O estudo inclui taijutsu, bukiwaza e práticas fundamentais como awase, que treinam a sensibilidade e a ligação ao parceiro.

O Aikidō da UBU caracteriza-se pela sobriedade técnica e pela profundidade marcial, evitando qualquer forma de automatismo ou mera repetição formal. Influenciado por décadas de contacto com mestres japoneses e pela dedicação contínua de professores como Leopoldo Ferreira, mantém uma linha de prática que valoriza a autenticidade, a simplicidade e o espírito do keiko. Cada sessão é entendida como oportunidade de cultivar a atenção, a postura e o equilíbrio interior, preservando assim o sentido original do Aikidō como via de transformação e clarificação do praticante.

Dojos

  • Terças e Quintas das 19h15 às 20h30
    Sábados 9:00h às 10:30h
    Orientação: Mestre José Araújo

    Instrutores: António Dias / Bruno Santos

  • Terças e Sextas das 13h00 às 14h00
    Orientação: Mestres José Araújo / Fernando Costa

    Instrutores: Óscar Martins / Rui Cabral

  • Terças e Quintas das 19:30 às 21:00, e Sábados das 10:30 às 12:00.

    Orientação: Mestre João Ribeiro

  • Pavilhão dos Salesianos
    Terças e Quintas das 16h00 às 20h00
    Orientação: Mestre Alexandre de Barahona

  • Ginásio da sede do Grupo Recreativo Boa Fé
    Segundas e Quartas das 19h00 às 21h00
    Orientação: Mestre Alexandre de Barahona

professores

  • Mestre António Corrêa Pereira †

  • Engº Sebastião da Silveira Durão †

  • Coronel João Luís Freire de Almeida †

  • Prof. Vítor Pecante de Jesus †

  • Mestre Masāmi Shirōka †

  • Dr. Luís Franco Pires Martins †

  • Mestre Honda Doshu †

  • Mestre Mário Sacadura Rebola †

  • Mestre Manuel Ceia †

  • Prof. Doutor António Fragoso Fernandes †

  • Mestre Georges Stobbaerts, Hanshi †

  • Mestre Alexandre Gueifão †

  • Mestre António Fragoso Lima

  • Mestre José Manuel Araújo

  • Mestre Leopoldo Ferreira

  • Mestre João Manuel Luís

  • Mestre João Ribeiro

  • Mestre Valter Pinto †

  • Mestre Fernando Costa

  • Mestre Alexande de Barahona